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| 1# O Bom, o Mau e o Unicórnio

  • thenutsbook
  • 30 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Dedicada ao sr. Duarte, o meu doente que era do Benfica mas jogou no Estoril Praia e com quem aprendi que, às vezes, o horizonte da vida se resume apenas a ver os netos mais uma vez.


Hoje não te posso abraçar.


Ora aí está. O “ainda não” apoderou-se de mim nos últimos dias. Mais agora, que acabou grande parte das restrições mas não a minha contagem religiosa dos 14 dias desde do último banco “contaminado”.


Começando a Humanidade a sair de um buraco (e enquanto vai caminhando para o seguinte), ninguém pode ignorar que as condições mais adversas também podem trazer à superfície o melhor de cada um.


--> O CityLab é um site de cariz jornalístico que se foca em todas as vertentes que envolvem a construção das cidades do futuro. Transportes, design, ecologia, qualidade de vida e mais um monte de coisas giras. Durante esta pandemia, a plataforma dirigiu um convite generalizado aos leitores para que enviassem mapas dos seus "mundos" em tempos de confinamento. E as respostas, que podem ver aqui, são bem mais do que úteis sob o ponto de vista da investigação. São adoráveis.


Mas nada temam! O pior de cada um continua bem presente. Primeiro, o velho "pior". George Floyd foi barbaramente assassinado com a mesma leviandade com que os seus antepassados são assassinados há meses, anos e séculos. Will Smith resumiu-o muito bem: "Racism is not getting worse. It's getting filmed". E depois o "novo". As palavras erradas ou simplesmente falsas sempre mataram gente em pequena escala. Basta pensar nas denúncias à Inquisição ou mais recentemente, às Polícias de Estado como a PIDE. Hoje, as palavras têm o poder de matar em massa, via redes sociais, fornecendo terreno fértil para toda a classe de desastres, dos antivacinas ao incitamento ao ódio com larguíssimo alcance. De maneira que esta semana começámos a debater se uma rede social - nomeadamente o Twitter, essa versão moderna de ágora grega na qual em vez dos sábios tomarem a palabra, se ofereceu um microfone a toda a gente - tem o direito de fazer fact checking às crises verborreicas dos intervenientes com mais potencial de estrago social. Censura ou Serviço Público. Resta-nos agradecer o facto de vivermos num país onde ainda não se elegeu ninguém que queira impedir-nos de continuar a fazer perguntas como estas. É neste contexto que a cena que vou partilhar agora ganha ainda mais interesse.


--> Em 2017, a RTP tentou adaptar a série espanhola Ministério del Tiempo, confiados de que a coisa ia correr tão bem como o seu produto estrela, o "Conta-me como foi." Foi.. um desastre, que não passou da primeira temporada. Mas em Espanha continua, e esta semana fez-se viral. Na cena em questão, Federico Garcia Lorca - poeta assassinado pelo Franquismo pelas suas ideias e por ser homosexual - viaja ao futuro para ver um dos seus poemas, transformado em canção, a ser interpretado em plena televisão pública. "Então?" - diz a pobre criatura estupefacta. "Ganhei eu e eles não?" Frase que pôs meio país a chorar. Qualquer coisa como, se Zeca Afonso tivesse sido assassinado pelo regime antes do 25 de Abril e viesse ao futuro ver como ainda cantamos todos os anos a mesma canção que nos serviu de chave para o futuro. Podem espreitar a cena comentada no Verne, um filhote do El País. Um bom lembrete de que, apesar das nossas sedutoras tendências à autodestruição, terminaremos sempre correndo em direcção à luz.


Falando em luz, tive sorte com ela esta semana. E com o extraordinário a florir - literalmente - por entre o mundano.



Por aqui, os últimos dias também foram de mudança. Finalmente, pude partilhar o segredo que tive de guardar durante 4 meses (obrigada, COVID).


--> 1 minuto e 36 segundos é o meu primeiro livro e estará disponível em breve, se as circunstâncias o permitirem.


--> E com a novidade, mais coisas boas. O QuebraNozes foi a maneira que encontrei de ventilar as coisas pequenas que habitam a minha noz cerebral em dias não tão pequenos assim. Coisas simples, importantes, divertidas ou aleatórias mas que não demoram meia hora a ler. Esta semana escrevi sobre a(s) máscara(s) e sobre a minha superdoente, a Ana (já tenho previsão de alta!).


--> E isto? Isto são os pedaços do mundo dos outros que vão dando um bocadinho de cor ao meu. Ou de terra para semear perguntas e respostas. pilares de sanidade mental, semanais ou quase. Veremos.


Por fim, terminando o mês que é, por excelência, dos estudantes, uma palavra para todos os errantes de livros debaixo do braço que se viram privados de uma despedida à sua altura, por força das circunstâncias. Espero que o Universo saiba indemnizar-vos.


Até à próxima, se esta primeira correr bem :)

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