| 3# Coisas de querer
- thenutsbook
- 1 de jul. de 2020
- 3 min de leitura

Sento-me a escrever pela primeira vez em duas semanas, com a sensação de que o mundo continua no mesmo sítio enquanto eu fui daqui até Helsinquia. A pé.
Tinha pensado em partir daquele espaço idílico e transcendental que foram dois feriados seguidos abraçadinhos amorosamente a um fim de semana com uma folga pelo meio. Mas a experiência foi de tal modo maravilhosa que nem me passou pela cabeça fazer festas ao caderno.
E depois disso, bem, estas são as primeiras duas horas livres - por fora e por dentro - que tenho para me sentar debaixo de um coreto, pedir um galão e esquecer-me das horas. Obrigada Deus. Isto significa - claro - que temos algumas histórias pendentes. A minha lista “to write” está maior do que a minha lista “to do” e isso é um claro sinal de desequilibrio das forças cósmicas. Esperemos que a coisa se componha nos próximos dias. Para já, há um par de coisas giras a circular pela internet:
>> O poema perfeito para este momento vital, roubado à revista “Somos Livros”, da Bertrand:
"Havemos de ir ao futuro
Havemos de ir ao futuro e, quando lá chegarmos, hão de estar no sofá os nossos pais
a cuidar dos sonhos que nos deram, os nossos avós a encher de luzes a árvore de Natal,
os nossos filhos e os filhos deles, espantados e atrevidos como nós.
Havemos de ir ao futuro e, quando lá chegarmos, hão-de estar todos juntos numa festa
à nossa espera, mesmo os amigos que perdemos no caminho.
Hão-de lá estar todos
com balões de várias cores, bolo-rei e, ao fundo da sala, um cartaz do tamanho da nossa idade, onde se lê:
ainda bem que vieram.
Havemos de ir juntos ao futuro ou, se não houver boleia para todos ao mesmo tempo,
havemos de nos encontrar lá.
Havemos de ir ao futuro e, no futuro, estará finalmente tudo como dantes.
Filipa Leal, in Vem à Quinta-feira (Assírio & Alvim)
>> A descrição gráfica da luz ao fundo do túnel.
>> O pôr do sol mais bonito do mundo.

>> A lição que a sociedade pode começar a retirar de toda esta tourada.
>> E o reminder das outras pandemias que ainda não erradicámos, sob a forma de Tweet ressuscitado.
A pérola histórica da semana é imperdível. Foram publicados os resultados de uma prolongadíssima investigação que teve como objetivo recuperar o conteúdo das cartas trocadas entre Maria Antonieta e o amante, nos meses previos à execução da primeira. Aparentemente, a recuperação deste material envolveu a utilização de Raios X para destrinçar entre a letra e as rasuras feitas posteriormente. Ora isto parece-me o equivalente histórico-científico dos programas de televisão que debatem a vida amorosa das celebridades. Conclusão: Se faltavam provas de que somos todos uns cuscos, estão aqui.
Para terminar, duas gotas de Verão:
>> Entre as muitas atividades organizadas pelos alunos da nossa faculdade, está o Sarau Cultural, onde tradicionalmente se trocam as batas pelo teatro, a dança e a música. No meu ano de caloira, o espetáculo na Aula Magna terminou com dezenas de aviões de papel a voar pela sala. Este site maravilhoso que coleciona os “planos de engenharia” de todos os modelos de aviões de papel possíveis e imaginários. Toda uma enciclopedia teórica para nos pôr a sonhar.
Este livro. Ou nem tanto este livro, mas a capa. Quem já foi a Espanha e se escandalizou com as mãos das raparigas indiscretamente depositadas nos bolsos das calças dos namorados nem precisa de ver de onde vem este bombom. Uma homenagem honesta à única maneira decente de se agarrar alguém: descaradamente. O resto é tudo…. irrelevant and boring.
Boa semana :)
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