Uma amiga maravilhosa deu-me uma ideia hoje. Há quase 2 anos, escrevi um livro sobre o ano de preparação para a prova de acesso à especialidade. Por alguma razão, omiti o texto que lhe deu início. Esta mini carta, como muitas que escrevo para mim própria sempre que me sinto perdida, foi escrita à minha secretária no Km 0 da caminhada. Desde esse dia, foram muitas as vezes em que a reli e me agarrei a ela a cada passo mais inseguro, a cada curva mais apertada. Não está especialmente bem escrita, mas foi uma âncora. E hoje pareceu-me um bom dia para tentar ancorar mais alguém. Para relembrar quem quer que a leia que provavelmente não está sozinho e, se estiver, que às vezes temos de ter coragem de nos bastar a nós próprios. E caminhar.
Criatura,
Tal como te disseram no início, amanhã começas o caminho, mas não o farás sozinha.
Não te vou mentir: iIsto vai ser muito difícil. Primeiro, porque suspeitamos que nos esquecemos de tudo o que aprendemos durante o curso e duvidamos da nossa capacidade de estudar como na era pré-Facebook.
Segundo, porque do ponto de vista pessoal, lamento dizer que estás completamente estragada entre a incerteza do futuro e este Vietnam emocional que te empenhaste em enfrentar agora. Agora.
E ainda há aquela tendência de procurares sarna para te coçares, não há? Puseste-te a dar aulas, teimaste em não parar o alemão... e agora queres escrever um livro?!
Tonta. Cuida de ti. Lembra-te de porque é que estás a fazer isto e não desistas. Dá um passo de cada vez e Deus há de orientar o resto.
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