Ansiedades e Ansiolíticos 09/03/2025
- thenutsbook
- 9 de mar.
- 2 min de leitura
- Um vestido vermelho. Comprei-o para um casamento, vi que me servia e não voltei a tocar-lhe com medo de o manchar. Mas saber que ele está ali fez me qualquer coisa cá dentro. Um raio de luz a descongelar um Inverno que nunca mais acaba. Por fim.
- Senhoras que andam pela vida com malas enormes. São as amigas que te dão o paracetamol que te falta, que cavalgam o dia sem parar em casa e que levam tudo numa espécie de bagagem que parece feita à medida para a parte inferior de uma cadeira de avião que, provavelmente, não vão apanhar hoje. Mas poderiam, se quisessem.
- Dia Internacional da Mulher. Haverá o dia em que quem vos escreve não terá de comprar as suas malas de fuga em lojas de homem por falta de oferta nas de senhora. Espero. Também espero que um dia ninguém me sugira que se usasse calças seria encarada com maior seriedade enquanto médica. Mas sinto que isso vai demorar mais tempo.
- "Paciência, doutora.", foi a resposta de um dos meus doentes me deu quando lhe apresentei condolências pela morte da esposa. Pessoas, por favor, se é para isto, não se casem.
- Anora. Já todas fomos aquela miúda. Já todas fomos arrastadas de forma parcialmente voluntária para o mundo de algum idiota completamente inconsciente do caos que provoca. E já todas fomos esse caos a quem alguém devia ter dado um par de tabefes metafóricos oportunos. É a vida.
- Ai fds. Perguntámo-nos uns aos outros, entre amigos, se acreditávamos no amor à primeira vista. Honestamente, não sei mas acredito piamente no "Ai fds", aquela interjeição que felizmente tende a morrer no caminho entre o meu cérebro e os meus lábios quando alguém me chama a atenção. Aquela certeza tão cristalina, como irrealista, de que acabámos de arranjar um belo problema. Os Arctic Monkeys é que explicam isto bem. Fingers dimming the lights / Like you're used to being told that you're trouble / And I spent all night / Stuck on the puzzle.
- Portugal e o mundo não estão propriamente recomendáveis mas e as horas que nos esperam de debates e campanhas eleitorais absolutamente sem conteúdo e com a única mensagem essencial de "a tua mãe é que é!"? É evidente: cada país tem a trashTV que merece.
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