Habitualmente, tento resistir à tentação de descrever com demasiado detalhe as coisas mais especiais. Antes de carecerem de explicação, esta sobra muitas vezes e arrisca-se a tirar-lhe todo o encanto. De vez em quando, porém, cedo.
Não sei como é para vocês, mas para mim, será sempre muito semelhante a mergulhar num oceano gelado à primeira hora da manhã. A respiração interrompe-se, abruptamente. Foi apanhada de surpresa. O coração perde o compasso - arritmia respiratória? - o que se constata eternamente com sobressalto independentemente do número de vezes que já se tenha visto o filme. Sentimo-lo junto à boca. Por baixo da pele, que vibra tanto como ele. Depois a coisa assenta. O miúdo descoordenado da banda filarmónica acerta de repente, e por milagre, na porcaria da batida. Instala-se uma certa calma. A calma mais maravilhosa do mundo. A tempestade fica inteira à superfície. E eu tenho zero vontade de espreitar lá para cima. É Dia dos Namorados. Bons mergulhos <3
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