Olá :)
Passou algum tempo, já sei.
Se antes sentia cada semestre como um comboio que me passava por cima, saibam vossas excelências que o internato médico é um comboio com 5 carruagens, uma por cada ano e eu ainda estou, em posição fetal, debaixo da terceira, a tentar que ela passe sem deixar demasiada mossa.
Mas nem tudo na vida são abstracts, não é verdade? E às vezes - raramente, no meu caso - trabalhamos melhor em silêncio. Há um livro número 2 novinho em folha, quase a ser terminado e que há de sair, embora eu ainda não veja muito clara a parte do "como".
E há um novo ano, caramba. Sempre é alguma coisa.
Para metade da população mundial, é outro dia qualquer. Para os maluquinhos como eu - continuamente fascinados com o facto de estarmos com os pés apoiados numa bola que roda sobre si mesma à volta de outra bola maior, que brilha, numa piscina de bolas cósmica - há uma sensação esperançadora de renovação que não se esfuma... até às primeiras horas da alvorada. A promessa de parar de falar como um camionista enfrenta o primeiro salto agulha preso entre duas pedras de calçada portuguesa, o primeiro tropeção e o primeiro chorrilho verborreico que faria corar um marinheiro. A promessa de comer melhor derrete... como o recheio do bolo que alguém trouxe porque é ano novo e a promessa de dormir melhor choca contra o teclado, como os meus dedinhos inquietos por não terem pronta a apresentação para depois de amanhã.
No dia de ano novo, a seguir à esperança, vem o perdão. O próprio, primeiro. A língua de fora em frente ao espelho, traquina, contra o adulto responsável que se agiganta dentro de nós, com muito pouca eficácia. Cá estaremos, mais uma vez, a fazer o que podemos e, às vezes, irritantemente, o que nos deixarem. Bem bom, hey!
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