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Quebra-Nozes | 3# Saudade de sentir saudade

  • thenutsbook
  • 31 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Hoje era o último dia em que que faria sentido escrever isto. Tirei umas notas no dia da Serenata de Coimbra, aquela que, pela primeira vez na história, decorreu sem presença física de público (pedi a foto emprestada à UC). Mas depois guardei-as e esqueci-as - ou tentei - com mais falta de coragem do que falta de palavras para tocar no assunto.


Até que lhe toquei. Por entre a noite iluminada na minha abençoada varanda - expoente máximo do estatuto social por estes dias - entre os fios de conversa desenrolados ao telefone com o irmão que não teria se não tivesse tido faculdade:


- Fomos tão felizes.


Pois fomos. Em parte por causa deles, dos finalistas de 2020. Foram os nossos primeiros caloiros e se vestimos com orgulho a T-shirt amarela, não foi menor a honra de a trocar pelo preto que envergámos para os acolher a eles. E isso merece uma palavra ou duas. Porque a sua vida académica pode ter ficado sem o seu ponto alto - para já - devido aos tempos em que vivemos. Mas não é por isso que se apagam cinco anos e meio de memórias felizes a duas cores. De laços forjados para sempre.


Com um certo calor interior, comprovo que por entre o estado de animação suspensa em que nos submergimos, os nossos futuros colegas não abdicaram nem da imaginação nem da criatividade com que enriqueceram a nossa escola. Nas últimas semanas, mostraram-me novas formas de estudar, de estar juntos e separados, de viver este mês especial como ele merece. De se despedirem como gente grande - enorme - num contexto que parecia obrigá-los a fazerem-se pequenos. A abdicarem do seu direito à saudade e ao momento por excelência em que a sentimos como comunidade. A academia fez-se; por entre chamadas, cartas e postais que fizeram as vezes de fitas douradas. E agora que começamos - começam - a sair, ainda sem perspectiva de voltar a ocupar as salas de estudo e as bibliotecas que os viram tornar-se médicos, reinventam-se outra vez. Descobrem novos espaços, juntam toalhas de praia a 1,5m de tudo o resto. Continuam.


Demonstram-se, como aquilo que nunca deixarão de ser, mais do que nossos filhos. Um exemplo - os pais - dos que vierem a seguir.



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nozes que juntam palavras

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