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Quebra-Nozes | 4# Corona Party

  • thenutsbook
  • 3 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de jul. de 2020



No verão de 2015, a Carlsberg organizou uma Where's The Party? aqui ao lado, na marina. Foi uma tarde-noite com um sol a rebentar de quente e mais - muito mais - garrafinhas verdes do que pessoas em circulação. Sabíamos que o recinto que ia servir de palco era uma plataforma suspensa sobre o mar, ancorada ao espaço que já conhecíamos. Por isso - e porque não era o papel daquele nosso rebanho movido a colunas de som - nunca nos passou pela cabeça questionar a segurança estrutural do recinto.


Pelos vistos tal ideia também não cruzou as cabecinhas da organização porque, 10 minutos depois do início do set do Diego Miranda, sentimos que não saltávamos sozinhos. Citando Galileu: e no entanto ela move-se. E movia, a desgraçada plataforma, ao compasso dos milhares de pés (10 000 pessoas, foi o número oficial divulgado) que se recusavam a ficar no chão. A coisa mostrou-se de tal modo instável que o protagonista da questão viu-se obrigado a ter de interromper a música para nos mandar ter calma. Literalmente, a mesma mão que rumava aos céus para nos incentivar a fazer o mesmo com as nossas, dirigia-se agora para baixo, como a tentar apagar o fogo sem ter água disponível. Agora que penso nisso, estavam 40 graus. E água não era a bebida de eleição, definitivamente. A resposta era mais do que previsível: 10 000 terceiros dedos em riste. A coisa foi angustiante porque assim que as hostes acalmavam, a mão voltava a ter sentido ascendente… para 5 segundos depois fazer exatamente o contrário, completamente em pânico, ante a rapidez com que transformávamos o espectáculo numa autêntica simulação de sismo. A única solução foi improvisar e fazer um set mais calmo, que funcionou e abriu caminho a uma noite em que, felizmente, ninguém caiu ao mar. Mas a Where' the Party não voltou a Cascais.


Hoje o caminho até casa fez-se por entre aglomerados de gente sem máscara, concentrada em esplanadas ocupando toda a largura dos passeios. E parte de mim, não deixa de se questionar se não estará rodeada das mesmas pessoas que há 5 anos atrás, perante orientações tão ambíguas como as que ouvimos por estes dias - tomaram a decisão consciente de arriscar um mergulho no mar.


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